ASSOCIAÇÃO ENTRE O USO PROLONGADO DE TELAS E O CONSUMO ALIMENTAR DE INDIVÍDUOS ADULTOS: UM ESTUDO NACIONAL
DOI:
https://doi.org/10.61164/rmnm.v11i1.4104Palavras-chave:
alimentos processados, tempo de tela, consumo alimentar, adulto jovem, BrasilResumo
O aumento do tempo de exposição a dispositivos eletrônicos tem gerado preocupações quanto às consequências para a saúde, especialmente no que se refere aos hábitos alimentares. Desse modo, o presente estudo teve como objetivo avaliar a associação entre o uso prolongado de telas e o consumo alimentar em adultos brasileiros. Trata-se de um estudo transversal de base populacional, realizado com dados do sistema VIGITEL (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) de 2023. Foram incluídos indivíduos de 18 a 30 anos, residentes nas capitais brasileiras. O tempo de tela foi considerado prolongado quando superior a três horas diárias. O consumo alimentar foi analisado a partir de marcadores de alimentos in natura e ultraprocessados (AUP), considerando consumo regular e no dia anterior à entrevista. Foram incluídos 3.732 participantes, sendo a maioria do sexo feminino (51,73%), e 19,08% apresentavam obesidade. A prevalência de uso prolongado de telas foi de 78,12%. Identificou-se associação significativa entre o tempo prolongado de tela e o consumo de cinco ou mais AUP (RP: 1,42; IC95%: 1,08–1,86; p = 0,01), além de associação com consumo de bebidas achocolatadas, embutidos, condimentos industrializados e margarina, independentemente de idade, sexo e índice de massa corporal. Os achados indicam que adultos que passam mais tempo diante de telas apresentam maior propensão a padrões alimentares inadequados, com predominância de AUP. Conclui-se que o uso excessivo de telas pode ser um fator de risco relevante para o consumo alimentar não saudável.
Referências
ANTONIASSI, S. G. et al. Tempo de tela, qualidade da dieta de adolescentes e características do entorno escolar. Ciência & Saúde Coletiva, v. 29, n. 1, p. 291-302, 2024. DOI: 10.1590/1413-81232024291.00022023.
BARBOSA, L. M. de A. et al. Prevalence and factors associated with excess weight in adolescents in a low-income neighborhood - Northeast, Brazil. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v. 19, n. 3, p. 661–670, 2019.
BARNETT, T. A. et al. Sedentary behaviors in today’s youth: approaches to the prevention and management of childhood obesity: a scientific statement from the American Heart Association. Circulation, v. 138, n. 11, 2018.
BOYNTON-JARRETT, R. et al. The effect of screen advertising on children’s dietary intake: a systematic review and meta-analysis. Obesity Reviews, Hoboken, v. 20, n. 4, p. 1–12, 2019.
BULL, F. C. et al. World Health Organization 2020 guidelines on physical activity and sedentary behaviour. British Journal of Sports Medicine, London, v. 54, n. 24, p. 1451–1462, 2020.
CALDEIRA, T.; SOARES, M. M.; MARTINS, R. C. O.; CLARO, R. M. Consumo de alimentos ultraprocessados e a exposição prolongada às telas entre adultos no Brasil: PNS 2019. In: CONGRESSO NACIONAL DE ALIMENTOS E NUTRIÇÃO, 5., 2021, Aracaju. Anais eletrônicos... Aracaju: CONAN, 2021. Disponível em: https://www.even3.com.br/anais/vconan/370951. Acesso em: 2 jun. 2025.
COMPERNOLLE, S. et al. Associations of sedentary behaviour and dietary habits with body mass index and waist circumference in adults: a systematic review and meta-analysis. Nutrition Reviews, Oxford, v. 74, n. 7, p. 399–418, 2016.
DELFINO, L. D. et al. Screen time by different devices in adolescents: association with physical inactivity domains and eating habits. The Journal of Sports Medicine and Physical Fitness, v. 58, n. 3, p. 318–325, 2018.
FOSTER, C. et al. What works to promote walking at the population level? A review of reviews. Health Promotion International, Oxford, v. 33, n. 5, p. 1–14, 2020.
FRAGA, R. S. et al. The habit of buying foods announced on television increases ultra-processed products intake among schoolchildren. Cadernos de Saúde Pública, v. 36, n. 8, p. e00091419, 2020.
GUIMARÃES, J. S. et al. Abusive advertising of food and drink products on Brazilian television. Health Promotion International, v. 37, n. 2, 2022.
KEARNEY, J. et al. Television advertisements for high-sugar foods and beverages: effect on children’s snack food intake. British Journal of Nutrition, Cambridge, v. 124, n. 3, p. 1–10, 2020.
LINDOLFO, P. V. L.; VIANA, M. B.; SANTOS, L. O.; VASCONCELOS, I. N. Tempo de tela, hábitos alimentares e estado nutricional na infância e adolescência: uma revisão de literatura. In: CONEXÃO UNIFAMETRO 2023. Anais... Fortaleza: Unifametro, 2023. Disponível em: https://doity.com.br/anais/conexaounifametro2023/trabalho/323405. Acesso em: 2 jun. 2025.
LOUZADA, M. L. da C. et al. Impact of ultra-processed foods on micronutrient content in the Brazilian diet. Revista de Saúde Pública, v. 49, n. 0, p. 45, 2015.
MAIA, E. G. et al. Hábito de assistir à televisão e sua relação com a alimentação: resultados do período de 2006 a 2014 em capitais brasileiras. Cadernos de Saúde Pública, v. 32, n. 9, e00104515, 2016.
MARTINS, R. C. O. Tempo de tela no lazer e consumo alimentar de adultos brasileiros. 2022. 124 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Medicina, Belo Horizonte, 2022. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/46629. Acesso em: 2 jun. 2025.
MAZUR, A. et al. Reviewing and addressing the link between mass media and the increase in obesity among European children: the European Academy of Paediatrics (EAP) and the European Childhood Obesity Group (ECOG) consensus statement. Acta Paediatrica, v. 107, n. 4, p. 568-576, 2018. DOI: 10.1111/apa.14136.
NIELSEN. The Nielsen Total Audience Report: Q1 2017. 2017. Disponível em: https://www.nielsen.com/insights/2017/the-nielsen-total-audience-report-q1-2017/. Acesso em: 2 jun. 2025.
OLIVEIRA, A. C. de et al. Situação socioeconômica, tempo de tela e de permanência na escola e o consumo alimentar de crianças. Ciência & Saúde Coletiva, v. 28, n. 1, p. 257-267, 2023.
SANTOS, D. S. D. et al. Tempo de tela, qualidade da dieta de adolescentes e características do entorno escolar. Ciência & Saúde Coletiva, v. 29, n. 1, e00022023, 2024.
SILVEIRA, E. A. et al. Sedentary behavior, physical inactivity, abdominal obesity and obesity in adults and older adults: a systematic review and meta-analysis. Clinical Nutrition ESPEN, v. 50, p. 63–73, 2022.
TREMBLAY, M. S. et al. Sedentary Behavior Research Network (SBRN) - Terminology Consensus Project process and outcome. The International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, v. 14, n. 1, p. 75, 2017.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Multidisciplinar do Nordeste Mineiro

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.